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Saiba o que Juliana Diniz disse que o samba carrega

  • Ezequiel 
A Herança do Samba: Uma Trajetória de Raízes e Tradição

Juliana Diniz nasceu envolvida pelo samba. Neta de Monarco, um dos grandes nomes da Portela, filha do compositor e arranjador Mauro Diniz, sobrinha de Arlindo Cruz e prima de Arlindinho, sua trajetória na música foi quase natural. Em casa, as rodas de samba eram comuns, e o talento para a música foi reconhecido cedo. Seu padrinho, Zeca Pagodinho, a elogiava por sua afinação desde pequena.

Ainda na infância, ouviu que era muito jovem para cantar “música de velho”. Enquanto seus colegas de escola escutavam Sandy e Junior e Xuxa, Juliana preferia Monarco, Candeia e Cartola. “Cresci ouvindo esses mestres”, relembra. Hoje, aos 38 anos, a cantora mistura o antigo com o novo, acreditando que essa fórmula é o futuro do samba.

Samba para Todas as Gerações

Juliana Diniz transita entre o samba e o pagode, mantendo parcerias com nomes como Ferrugem e Xande de Pilares. Para ela, o samba tradicional ainda está presente entre os jovens e se renova constantemente.

Mais do que manter viva a essência do gênero, Juliana defende a autovalorização dos sambistas. “Alguns ainda não entenderam o seu próprio valor. Nosso lugar é um lugar alto”, afirma. Ela critica aqueles que tentam se aproveitar do samba sem respeitar sua história e autenticidade. “Tem muita gente que nem ama samba, que nem é sambista e está forçando a barra para entrar no samba e ganhar dinheiro com ele”, avalia.

O Início da Carreira e a Televisão

Aos 17 anos, Juliana estreou não só no mundo da música, mas também na televisão. Foi selecionada para atuar na novela Senhora do Destino, após sua avó ouvir um teste anunciado no rádio. O trabalho na novela lhe trouxe um bom retorno financeiro e novas experiências. “Meu primeiro salário era cerca de R$ 1.200. Com ele, mobiliei a casa onde morava com minha mãe e comprei um carro”, relembra.

A televisão a levou ao teatro musical. Atuou em Sassaricando e Sassariquinho (2007) e É Com Esse que Eu Vou (2010). “Foi no teatro que me descobri artista”, conta a cantora, que é formada em Artes Cênicas.

Uma Experiência Internacional e o Retorno ao Brasil

Juliana morou um ano nos Estados Unidos, onde inicialmente foi para estudar inglês, mas acabou tendo que trabalhar como babá e vender brigadeiros para se manter. A experiência a transformou, mas também reforçou seu amor pelo Brasil. “Percebi que sou muito brasileira. Amo samba, a comida do Brasil, minha família. Decidi voltar”, afirma.

Novos Projetos e o Papel das Mulheres no Samba

Depois de um longo período sem lançar trabalhos autorais, Juliana voltou a gravar em 2021 com o DVD Do Meu Jeito. Em 2024, lançou o EP Pagodeira de Vocês, reafirmando seu compromisso com a cena musical.

Reunir mulheres sambistas e pagodeiras é um de seus objetivos. Ela acredita que a presença feminina no samba pode crescer ainda mais e sente a importância da sororidade. “Quando engravidei no ano passado, percebi a resistência do meio. A casa parou de me contratar”, desabafa.

Para ela, o machismo no samba é um problema estrutural. “Dona Ivone Lara e Beth Carvalho já enfrentaram isso. Precisamos romper essas barreiras e meter o pé na porta”, reforça.

O Samba Como Resistência

Para Juliana Diniz, o samba é mais do que música: é história, resistência e verdade. “Carregamos uma tradição que não pode ser perdida. Temos que nos valorizar e ocupar nosso espaço”, conclui.

Com sua trajetória marcada por desafios, talento e resiliência, Juliana segue sua jornada, reafirmando que o samba está vivo e sempre será um reflexo da cultura e da luta do povo brasileiro.

Luto, Força e um Novo Começo

Juliana viveu um momento doloroso em 2019, quando perdeu sua primeira filha, Yolanda, logo após o parto, aos oito meses de gestação. “Sofri muito e me senti culpada. Achava que poderia ter evitado”, confessa.

A dor a tornou mais forte, e em janeiro de 2024, celebrou a chegada de José Vicente, fruto de sua relação com Caio Vicente. Ele é seu “bebê arco-íris”, um símbolo de renovação e esperança.

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